quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Depressão




Comprei a revista Caras, edição 1.101, por causa da chamada de capa para a entrevista do padre Marcelo Rossi, sobre a depressão de que se recuperou. Li a entrevista, mas não gostei, por julgá-la superficial. Penso que deveria ter sido mais aprofundado o tratamento da questão, mas, tudo bem. Valeu a pena.

Fiquei sabendo, contudo, que Marcelo Rossi, certamente tal qual pensam muitos outros, não acreditava em depressão. “Achava que era frescura. Não é”, disse ele. É verdade, não é frescura. É enfermidade mesmo, digo eu. Sei disso porque já tive depressão. Aliás, tive, não: eu tenho. Luto diariamente com a depressão, para não me deixar dominar. Tenho consciência disso.

É raro o dia em que não amanheço deprimido. Acordo, quase todas as manhãs, com a terrível sensação de que o mundo desaba sobre mim. Procuro reagir, sempre e imediatamente, mas é terrível. Quem passa por isso como eu passo sabe como é a coisa e, por conseguinte, sentindo o que sinto, entende na real dimensão o que estou falando. Fora disso, só psicólogos e psiquiatras.

Fiz, contudo, um pacto comigo mesmo: não duvidar da enfermidade e jamais me abandonar e deixar dominar. Não é autossugestão ou coisa que o valha, não: é a responsabilidade comigo mesmo. Cheguei a tomar remédio controlado durante alguns meses para sair da crise e me recuperar, em 2010 ou 2011, e saí. Saí da crise, é verdade, mas a recidiva, como já disse, me ameaça cotidianamente.

O cardiologista – que me receitou o antidepressivo e tirou-me da crise – recomendou-me procurar posteriormente tratamento psicológico, o que não fiz. Hoje não tomo antidepressivo. Tomo a medicação cardiológica e procuro viver normalmente, seguindo a orientação do meu médico, embora não o faça em tudo, uma vez que não me submeti ao tratamento psicológico, como me orientou que me submetesse. Levo, todavia, vida normal (se é que se pode chamar isso de normal).

Se você tem depressão, cuide de sua vida, porque a coisa é seria. Não descuide. Quem duvida ou pensa que depressão é frescura que vá para o inferno, por mais pesado que isso possa parecer. Não estou nem aí. Que se dane! Como diz o ditado, quem calça o sapato é que sabe onde aperta. Não suporto gente metida a besta, embora o mundo, por certo, desde que é mundo, esteja repleto dos tais.