segunda-feira, 25 de março de 2013

Banho de Chuva


Marabá, linda e gostosamente, molhada. Chovia grosso, embora calmamente, o que, aliás, durou mais ou menos uma hora (mais precisamente das 17h50 às 19 horas deste domingo, 24 de março de 2013). Estava em casa, juntamente com a Câmelha, minha mulher, e nossos dois filhos, Daniel e Samuel. Fecháramos portas e janelas, como se costuma fazer quando chove.

Depois de uns dez minutos de chuva, abri a porta e vi como chovia forte. Não resisti. Vesti um calção de banho e caí na chuva, convidando em seguida as crianças. Convidei também a Câmelha, mas ela não foi, porque não podia molhar os cabelos (coisas de mulher, que faço questão de entender e, claro, valorizar). Chuva grossa, porém, calma, embora relampejasse e desse, ao longe, alguns trovões.

Protegidos pelo muro e portões fechados, ficamos a correr, eu e os meninos, sob a biqueira, na lateral direita da casa, indo e voltando. Foi a primeira vez que tomei banho de chuva com eles e fiquei emocionado, embora sentisse a falta do Douglas, meu primogênito, que mora em Belém. Voltei, repentina e involuntariamente, aos anos dourados da minha infância e adolescência, quando brincava na chuva com meus irmãos mais novos que eu: José, Raimundo e Valdener.

É verdade, como diz José Sarney: “Os anos corrompem o sonho.” Para muitos, eu sei, isso é uma descabida tolice, mas para mim não é. Isso basta. Não tenho palavras para expressar minha alegria, talvez eu seja mesmo um tolo. Tudo bem, pode até ser. Prefiro, contudo, me ver como um seduzido pelas belezas da vida. Fica melhor assim e, claro, mais interessante.

Não quero que meus filhos sejam homens insensíveis à beleza das coisas, sempre à procura de prodígios e complexidades. A vida fica mais bonita, mais leve e muito prazerosa quando se procura, sem complicações desnecessárias, apenas viver. Pena que, talvez, eu tenha descoberto isso tão tardiamente! A despeito do meu jeito de ver o mundo, vejo que ainda vivi muito seriamente, responsavelmente, preocupadamente.

Jesus Cristo, que não tinha onde reclinar a cabeça, mandava observar as aves do céu e os lírios do campo. É muito bom tomar banho na chuva, olhar o rio, andar descalço (com atenção, para não pisar em cacos de vidro, claro) e fazer muitas outras coisas mais. Viva a chuva! “Quem me dera que eu fosse os rios que correm / E que as lavadeiras estivessem à minha beira...” (Fernando Pessoa).

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