sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Dois dedos de prosa


Só dois dedos de prosa, caro leitor, para não deixar passar em branco o fim de ano, sem uma crônica, que fale de uma coisa qualquer. Atendo com isso à minha vontade de escrever algo e, principalmente, à amável sugestão do Claudinho (Cláudio José Pinheiro Filho), meu colega de trabalho, assessor de comunicação da Câmara Municipal de Marabá. É que o Claudinho, conversando comigo, ontem, em meu gabinete, perguntou-me se não sairia uma crônica de fim de ano. “Ah, vai sair, sim!” – respondi. Pronto, aqui está ela.

Hoje são 30 de dezembro. Acabou-se o ano: foi-se 2011 e vem aí 2012. E agora, escrever o que a esta altura? São tantos assuntos para dois dedos de prosa, que fica até difícil escolher, eleger um ou alguns. São dias de muita alegria, de viagens, de festas, embora eu não tenha viajado. Já disse algumas vezes que são dias de reflexão, agora não digo mais. Claro, ninguém ou quase ninguém, reflete nesses dias. Tudo se deixa para depois, para o próximo ano.

Pois bem. Não quero falar de algo especial, de coisa séria. Não. Queria mesmo neste momento estar rodeado de alguns amigos, para falarmos de amenidades, de coisas do dia a dia, descontraidamente, comemorando tudo. Isso é que é bom e vale muito mais do que muitos assuntos sérios de que se ocupam tantos por aí. Dizer o quê? Sei lá!... O ano já passou mesmo. Deixemos, portanto, as coisas sérias para o próximo ano. Existem demais as tais coisas sérias, aliás, sérias até demais, para a gente se preocupar com elas às vésperas de fim de ano ou, como se queira dizer, às vésperas de ano-novo.

Falemos de amenidades ou, então, não falemos de coisa alguma. A crônica, aliás, presta-se muito bem para isso, para tratar, descontraidamente, de assuntos aparentemente sem importância, amenidades. Também para dizer muito sobre coisa alguma, dizer nada de nada, apenas por querer, principalmente quando se trata de uma crônica de fim de ano. Ah, a vida é curta demais para ser levada tão a sério! É isso. Só isso, nada mais.

Bom, foi-se aí o espaço de uma crônica. Vou parar por aqui. Falei muito sobre coisa alguma. Espero não ter decepcionado o Claudinho nem meus demais amigos e leitores. Não queria dizer muita coisa mesmo, só queria dizer que a vida não deve jamais ser levada tão sério, porque isso não adianta mesmo (cheguei a essa conclusão) e, principalmente, porque morrem os sérios, como morrem os brincalhões, os descontraídos. Dizem, aliás, que os sérios morrem mais depressa. Bom, isso eu disse. Em 2012, se Deus quiser, a gente conversa mais.

Feliz ano-novo! Feliz 2012!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Antevéspera do Natal e o Jardim do Parlamento


Sexta-feira, 23 de dezembro de 2011, um pouco mais das 13 horas. Saio, pela porta do fundo da Câmara, para, contemplando o jardim, tomar um fôlego, à minha maneira. Existem vários pés de mogno, além de ipês e outros vegetais, no jardim da Câmara Municipal de Marabá. São mais de vinte pés de mogno – 24 ou 25, mais ou menos – hoje com cerca de cinco ou seis metros de altura, plantas ainda muito jovens, que haverão de crescer muito, em altura, exuberância e beleza arbóreo-amazônica.

No corre-corre do cotidiano, talvez passem despercebidas para muitos, conquanto sejam tão belas. Eu, contudo, gosto de admirá-las diariamente, à minha maneira, num diálogo (mudo, embora eloquente), entre as árvores e o homem da terra, amante da natureza e da Amazônia em especial que sou. Tenho a impressão, às vezes, de que essas árvores, alheias à maldade dos humanos, saúdam poeticamente a quem entra e quem sai. Lógico que isso é apenas uma forma de ver as coisas, mas é verdade.

Há quase sempre passarinhos, que voam de galho em galho, de uma árvore para a outra, e cantam. Puxa vida, é impossível não perceber essa beleza e a simbiose altamente benéfica para nós, os humanos, entre a tecnologia de que desfrutamos no interior do prédio moderno do Parlamento e a natureza representada pelo jardim, com sua fauna e sua flora. Sim, fauna e flora, embora a flora seja bem mais rica que a fauna. É natural que o seja, claro, como é natural que alguns digam que estou escrevendo tolices. Ah, que se danem!

Sou servidor de carreira do Poder Legislativo do Município de Marabá, tendo ingressado por concurso público de provas e títulos, na forma da Constituição da República e das leis. Tenho orgulho disso, até porque – falsa modéstia à parte – tenho a convicção inabalável do cumprimento, ao longo dos anos, da parte que me cabe. Tenho, semelhantemente, orgulho e muita gratidão pelo prédio novo que o povo nos deu. Sempre soube reconhecer a sua importância, o seu valor e, por consequência disso, o dever que Vereadores e servidores têm de prestar um serviço à altura da imponência e beleza das instalações que ocupamos.

Antevéspera do Natal. Aprovou-se o orçamento do Município para o exercício financeiro de 2012 – mais de meio bilhão de reais! – e estamos saindo para o recesso parlamentar. Aqui, às voltas com minhas ansiedades, medos e inquietações, a reflexão sobre o ano de 2011, que vai, e o ano de 2012, que vem. O que queríamos? Conseguimos? Não conseguimos? Por quê? Qual foi nossa atuação?... E agora, o que queremos? Conseguiremos? Para onde vamos? O que é prioritário para 2012? Qual a parcela individual de responsabilidade de cada um de nós?...

Não é algo da boca para fora, mas, de fato, uma reflexão interior e profunda. Tenho muita dificuldade com isso, porque, não raro, nos faltam respostas que convençam. Não existe a sinceridade necessária nas pessoas. Não são poucas as ações danosas e as omissões criminosas de muitos, nas entranhas imundas de um Estado, ocioso e corrupto, que desampara. Tenho medo do futuro, em compasso de ansiedade que quase mata, por causa do semelhante! Não é ilusão nem hipocrisia, não: é a convicção assustadora da realidade.  

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dar comida aos cãos

“Vou dar comida aos meus cãos.” Essa é a frase que costumo dizer, quando vou alimentar meus cães, Sansão e Aquiles. O plural de “cão”, quando se refere ao animal, é “cães”, sabemos disso. Eu, contudo, por brincadeira, digo “cãos”, pois não são poucos os que, ouvindo isso, vão pensar que o plural “cãos” não existe. Claro que existe, conquanto o significado seja outro. 

“Cãos” é o plural de “cão”, substantivo masculino, que significa cabelos embranquecidos pela idade, embora muitos falantes do português só conheçam a forma “cã”, substantivo feminino, cujo plural é “cãs”. Aliás, pelo menos no Brasil, o que mais se emprega é o plural da forma feminina, havendo, por conseguinte, quem nem sequer saiba que existe o singular “cã”.

 Há outros significados para palavra “cão”, significados estes que deixo, propositadamente, de registrar. Informo, todavia, para curiosidade do leitor, que não me refiro ao significado popular e regionalista diabo. Os significados a que me refiro estão, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, de Lisboa, Portugal. E em outros bons dicionários também, é claro. Basta dar uma conferida, até porque é agradável ler dicionário. Bom, pelo menos eu acho.

Há pessoas e pessoas que têm um conhecimento muito limitado da língua portuguesa, mas, a despeito disso, se arvoram de conhecedoras e, com muita frequência, se atrevem a dizer que isso ou aquilo está errado, quando, na realidade, está certo e elas é que não o sabem. Ih, como já vi muito isso acontecer! O indivíduo pensa que a coisa está errada e já sai alardeando, como se tivesse a certeza que não tem.

Lembro-me, por exemplo, de duas irmãzinhas meio idiotas lá de Xinguara, as quais, ao me virem dizer, como dirigente, “convido a igreja a, de pé, ler o texto tal da Bíblia”, pensaram logo que falava erradamente e, lá se foram elas, abobalhada e descaradamente, procurar nos dicionários a palavra “adipé”, pois julgavam que não existia. E, como não a encontraram, ficaram comentando a coisa entre si. Haja paciência para suportar tanta asneira! Isso faz muitos anos, mas, sempre que me lembro da petulância desbragada das irmãzinhas santas, não deixo de me aborrecer um pouco.

As tais irmãzinhas, se tivessem sido honestas e seguido o que diz a Bíblia, em vez de ficarem comentando entre si, ter-me-iam perguntado se tal palavra existia. E aí, lógico, eu lhes explicaria, com todo o carinho, que esse “de pé” aí da minha frase é adjunto adverbial de modo, substituível pelo também adjunto adverbial de modo “em pé”, que muitos iguais a elas pensam ser a única forma correta. Ter-lhes-ia dito também que, “adipé”, se existisse (como não existia), seria substantivo, adjetivo ou coisa parecida e não se prestaria para emprego no contexto em que eu empregava “a, de pé,...”.

Registro, para concluir, que as tais sabichonas cursavam o ensino médio e trabalhavam no comércio, razões pelas quais não deveriam ser tão ignorantes como eram. Mas eram, e – o que é pior – continuam sendo. Passam-se os anos e elas mudam apenas de idade, as atitudes e a ignorância continuam as mesmas.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Esperança


Leio a Primeira Epístola de Pedro, capítulo 3, versículo 15. E me detenho na parte final, que diz “e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. Esperança. A Bíblia diz que as pessoas precisam ter esperança. Aliás, a Bíblia afirma aí que os cristãos têm esperança, não uma esperança vã, mas uma esperança que tem razão, e razão exigível, explicável, compreensível. É isso que o missivista diz aos destinatários.

Pedro falava, é claro, da esperança de salvação. As pessoas, contudo, precisam também de esperança material, porque vivem tempos difíceis. São tempos de desamor, iniquidade, falência do Estado e do Direito estatal: tudo está mais para desespero do que para esperança. E não há palavra uniforme a respeito. Os materialistas negam a esperança do porvir fora da existência física; os espiritualistas, a esperança que não seja da existência imaterial, espiritual.

Digo aí espiritualistas e materialistas no sentido comum, de visão exagerada, ora somente espiritual, ora somente material. E discordo deles, porque penso – sem olvidar ser imemorial esse pensar – que a razão está no meio. Claro, meden agan, como já diziam os gregos, moderação. Todo extremo é perigoso, porque a virtude está no meio. Isso vale para tudo, em todas as áreas da atividade humana.

Não faz sentido algum relegar a felicidade inteiramente para a vida no além, da mesma forma que não passa de extrema loucura pensar a felicidade apenas no mundo material. O ser humano precisa ser visto, pensar e agir de forma holística, porque é corpo e alma, ao mesmo tempo, um todo físico e um todo espiritual. É por isso que precisa ter esperança, tanto material quanto espiritual.  

A vida não se resume apenas à existência física e, muito menos, apenas à existência espiritual. Ainda bem. Ninguém deve abdicar da vida física em plenitude e aceitar como normal a pobreza, menos ainda a miséria. Pobreza e miséria não são condições naturais da vida, são consequências da desigualdade, da exploração do homem pelo homem. Por que uns com tanto e outros sem nada? Por quê? Sei lá! A resposta depende da visão de quem responde.

Salomão, o Pregador do Eclesiastes, ensinava: “A melhor coisa que alguém pode fazer é comer e beber, e se divertir com o dinheiro que ganhou. No entanto, compreendi que mesmo essas coisas vêm de Deus” (Ec 2.24). E Paulo, o apóstolo dos gentios, escreveu: “Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1 Co 15.19).            

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Chegou dezembro


Chegou dezembro e vêm aí o Natal, o fim do ano velho e o começo do ano novo, a tríade de alegria e esperança! É tempo de festa, de alegria, de gratidão pelo que aconteceu e de esperança do que acontecerá! Por isso e tudo o mais que não sei expressar, gosto muito do Natal, desse clima gostoso de música, de casas e ruas enfeitadas com luzes coloridas, desse aflorar da solidariedade, não raro, reprimida ao longo do ano.

Natal é a comemoração do nascimento de Jesus, o Cristo e também filho unigênito de Deus, dado para morrer em favor do seu povo e ressuscitar para voltar a Deus, o Pai, que o deu. A vinda, vida, morte e ressurreição do Cristo de Deus estão registradas nos Evangelhos e até em outros livros da Bíblia, livro sagrado dos cristãos. Em todo aniversário, o mais importante é – e sempre deverá ser – o aniversariante. Se não for assim, a festa será em vão, porque a comemoração não terá sentido. Reflitamos, pois, sobre isso.

Natal não é somente o tempo de dar e de receber presentes, conquanto, infelizmente, seja esse o aspecto a cada ano mais acentuado no mundo ilusório e cruel dominado pela ânsia inglória do ter em vez do ser. Natal é, antes e acima de tudo, tempo de reflexão, de pensar na transitoriedade da vida física, na existência ou não de vida após a morte, na insignificância provada e comprovada das coisas materiais, que ninguém leva para o além-túmulo (aliás, nem mesmo para o túmulo).

Existe – é claro e eu jamais me esqueço disto – a verdade de que o Natal, 25 de dezembro, é apenas uma convenção, porque a Bíblia não registrou nem o dia nem o mês em que Jesus Cristo nasceu. É muito interessante isso, mas não é disso que estou falando. Falo dos outros aspectos, até porque, queira-se ou não se queira, a comemoração existe, o que, por si só, representa excelente oportunidade para se ensinar sobre o Cristo de Deus e sua obra redentora, salvadora de seu povo.

Portanto, se ainda não o fez, neste Natal, faça diferente.  Contemple ainda mais a beleza da natureza, das ruas e casas coloridas, a alegria esperançosa das pessoas no porvir, deixe-se enlevar pela beleza da música natalina, dê presentes, receba com gratidão os presentes que lhe derem, vá às festas, comemore, viva plenamente. Se já o fez, faça de novo. Isso é bom, muito bom.

Faça, como lhe disse, tudo isso. Não se esqueça, porém, de que Jesus Cristo morreu, segundo o plano e beneplácito de Deus, para salvar a quem nele crê. Sem crê em Jesus Cristo – diz a Bíblia –, ninguém será salvo. Sei, é claro, que existem outros credos e, por conseguinte, quem não crê na Bíblia. Não posso mudar isso. Tudo bem, cada um com a sua fé. Eu, contudo, escrevo para quem crê como eu creio. Vamos viver e comemorar o Natal, mas desse jeito.

Tenha fé, tenha esperança e faça o que lhe couber fazer para que o próximo ano seja realmente um ano muito melhor do que este, o qual – não seja ingrato jamais – foi bom. Encerro lhe dizendo como diz a Bíblia: “O SENHOR te abençoe e te guarde” (Nm 6.24).