segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Quero minha família de volta


Aconteceu-me por duas ou três vezes na infância dormir à tarde e acordar à noite com a sensação de que dormira a noite inteira e acordora somente no outro dia. Creio que isso, como aconteceu comigo, aconteceu com muitas pessoas. Eu acho, não sei os outros, mas, como não sou nenhum ser do outro mundo, creio que isso é normal.

Neste domingo, 13 de novembro de 2011, aconteceu algo parecido. Muito cansado, dormi por volta das 16 horas – após chegar da feijoada beneficente promovida, na Loja Maçônica Pioneira da Transamazônica, n.º 44, pelo Capítulo DeMolay Pedro Marinho de Oliveira, n.º 220 – e acordei exatamente às 19h5, com a terrível sensação de “quero a minha família de volta!”. O quarto estava escuro e a casa toda em silêncio, parecia que todos haviam saído e me abandonado sozinho a dormir.

Somos da Igreja Presbiteriana do Brasil e, por ser noite de domingo, pensei mesmo que eles haviam ido para a igreja. Era, contudo, apenas impressão minha. Abri a porta do quarto e vi que o Samuel e o Daniel assistiam à tevê, na sala principal, e a mãe deles, na minha biblioteca, trabalhava ao computador, revisando uma entrevista sobre educação inclusiva que sairá numa publicação da Universidade Federal do Pará – Campus de Marabá.

Lembrei-me do tempo de criança e pensei em escrever algo. É agradável lembrar essas coisas. Lembrei-me também do filme de comédia Esqueceram de Mim: esquecido em casa pela família, que viajara no feriado, Kevin, o molequinho sapeca, depois de muitas peripécias e traquinagens, fica acuado e, à beira do desespero, grita que quer a sua  família de volta. Gosto muito de Esqueceram de Mim, pelas boas risadas que proporciona e pelas lições de vida que transmite.

Falar de tevê, lembra-me o Chaves. Incrível. Por certo, muitos vão dizer que é matutice minha, mas assisto ao Chaves desde 1979, 1980, por aí assim. São sempre as mesmas cenas, claro, mas continuo gostando de assistir e o faço sempre que tenho tempo disponível. Comecei a assistir ao Chaves juntamente com o Douglas, meu primeiro filho, que completou 24 anos em janeiro de 2011, e continuo a fazê-lo em 2011, com o mesmo prazer, juntamente com o Samuel, até agora meu caçula, que completou 6 anos em abril.

Pode parecer que é porque sempre fui muito pobre. Pobre é assim mesmo. Fazer o quê? Sou matuto e pobre. E daí?... Azar de quem não gosta de matuto nem de pobre! Pode parecer, mas não é. Não é somente por isso, não. É pela ironia, pela denúncia social e, acima de tudo, pela ternura. Como diz seu inteligente criador, Roberto Gómez Bolaños, no prefácio do livro Diário do Chaves, o menino Chaves é “perfeita encarnação da ternura”. Credito a perenidade do Chaves à sua simplicidade, que fala à mente e ao coração das pessoas.

Claro, elementar: nem tudo na vida é o que parece ser. “A verdadeira sabedoria consiste em saber como aumentar o bem-estar do mundo”, dizia Benjamin Franklin. “Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre”, dizia Albert Einstein. Não sou maniqueísta, mas penso que Einstein mandou muito bem aí.

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