domingo, 28 de fevereiro de 2010

Diálogo de amor

conquanto em parte me repetisse,
sagaz e sensualmente, você me disse:
– mas... basta sentir.
lógico! muito arguta, bem me entendera,
pois, antes de lhe ouvir,
resignado, lhe dissera,
a sucumbir pelo sofrer que me devasta:
– é suficiente. isso basta!
depois, a refletir sobre o assunto,
ansioso e triste, lhe pergunto:
– será?...
usando a força que esconde,
resoluta, você me responde:
– não sei! só o tempo dirá...
e, dizendo não à dúvida atroz,
o sussurrar concomitante que vem de nós:
– amemo-nos! para que esperar?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sentimentos

sentimentos, coisas que sinto, mas...
não sei ou não as posso dizer
eloquência muda do instinto
inato
que, de fato, fala alto e faz acontecer
basta sentir,
viver!

vida que é o livro
(e que lindo livro!...)
que não pude nem posso ler...
(opa! alguém já disse e também cantou isso antes)
contudo, eu,
posto que não saiba cantar,
também posso dizer.
escrever,
declamar...

absit omen! (essa não!)
não diga que o digo!
(absit invidia verbo)
indigno seu ato
como se atreve?...
calar-me-ei, cale sua verve

não!... não me calarei
embora meu falar pareça enjoo
mantê-lo-ei
ainda que como um pássaro triste –
um já quase de cujus – desiludido!
sem canto nem voo...
que – ao menos isso – me seja permitido